28 agosto 2009

a lei antifumo ou queimem os hereges

a lei antifumo pegou em são paulo e se espalha pelo país. o rio de janeiro que há muitas décadas perdeu seu estado de vanguarda copia desnecessamente a lei paulistana. digo desnecessária porque aqui já era proibido fumar em ambientes fechados há muito tempo pela lei federal 9294/96, mas como muitas leis cariocas, fez-se vista grossa. agora com toda atenção da mídia, o cerco está fechado.
não tenho nada contra uma lei que se propõe a proteger pulmões "saudáveis" da fumaça dos outros ou os cabelos cheirosos das moças nas boates mas tem momentos dessa história que me incomoda demais. primeiro, mais uma vez a opinião pública fomentada pela mídia apronta suas tochas contra um frankstein.
nenhum anti-tabagista pensa que a fumaça do seu carro faz tanto mal a saúde dos outros há mais de cem anos? conheço poucos que se propuseram a abrir mão do conforto do automóvel para diminuir os efeitos de co2 na já tão agredida atmosfera. sem falar nas confortáveis garrafas pet que entopem boeiros, formam ilhas de plástico e evidentemente trazem enorme problema. mas esse é outro assunto. resumindo, difícil aceitar essa justificativa de que faz mal a "minha" saúde, considerando neste mundo, ninguém está livre de ser "fumante passivo" de outro.
outra: é visível como o ideal de vida saudável está deixando de ser uma filosofia de vida de uma parcela da população para virar uma perseguição nazista. não pode cigarro, não pode gordura, não pode bebida, não pode maconha. pode o que? violência na tv pode. quanto mais sangue melhor. auto-correção: beber também pode. tem até aquela música "beber, cair, levantar" cantada por populares em todo o país fazendo todo mundo esquecer do grande problema que é embriaguez coletiva.
já ouvi e li centenas de argumentos (endossados pelo governo, inclusive) de que fumante causa prejuízo para o sistema de saúde. ora que prejuízo se o fumante paga imposto? paga até mais, considerando os impostos embutidos no malígno produto. todo cidadão tem o mesmo direito de usufruir os bens pelos quais paga não importanto a causa do seu mal. se formos radicais nesse sentido poderia-se propor não atender um suicida, ou os bombeiros ignorarem um chamado quando uma favela pega fogo, afinal, muitos ali não pagam taxa de incêndio. atualmente o bode-espiatório do governo são os fumantes. será que um dia serão os obesos, usando o mesmo argumento? ou os transsexuais? cavou a própria cova, então não tem direito a atendimento público?
estou sendo radical? eu não. a lei está. a fumaça num ambiente fechado incomoda? claro, jamais vou negar, mas por que não encontrar um meio de grupos sociais conviverem pacificamente? porque é mais fácil proibir e mais interessante ganhar dinheiro com a indústria das multas do que gastar com educação ou com atendimento psicológico público para ajudar os que querem parar, visto que o vício (como todo vício) está ligado a outros problemas. por que não incentivar bares e restaurantes, lugares onde habitualmente se fuma, a escolherem se querem ou não aderir a campanha? que se criem bares para fumantes e para não fumantes e quem quiser entrar que o faça. e os empregados, obrigados a respirar o ar "sujo"? prerrogativa da função. já viu gari se queixar por ter q mexer no lixo? eles inclusive ganham adicional por insalubridade. trabalha alí quem quer.
já desabafei. pra encerrar dois pontos: eu quero/tento parar de fumar e certa vez me perguntaram "por que não pára?" porque sai mais barato que terapia, respondi.
e uma piada inteligente num raro momento de lucidez do casseta e planeta: "agora só é permitido ingerir fumaça em são paulo ao respirar".

2 comentários:

Dona Mila disse...

Adorei, adorei e assino embaixo. Até que enfim um artigo contestando a lei anti-fumo que não caiu na mesmice do chororô dos fumantes. Posso linkar?

Beeeeeju

thiago costa disse...

quanto + gente linkar melhor. e viva a internet 2.0 rsrs